quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Poesia - anjo maso... Sado Senhor

Feito cadela de quatro no cio
Teus olhos quero encontrar
Pois teu sadismo é meu vício
E eu aqui em tesão que desperdício
Procuro na estrada te achar
Em sua mão que pega e aperta
Língua na nuca que lambe e devora
Desejo que chega safado e desperta
A vontade do gozo não se demora
Quero o prazer da dor saciar
Sou tua fêmea, vampira safada
Aqui aos teus pés… amarrada
Anseio pior inferno alcançar…
Na tua boca que xinga, profana
Esparramo o mel, presa na cama
Sonho nesse mar me afogar
Me derrama na carne o teu mal
Teu lado mais perverso, imoral
Me derrama o sangue em teu beijo
Alimenta meu anjo maso o desejo
De morrer no corte da faca, a dor
Despetala minha vida em flor

Bruna


Essa é somente uma das várias poesias de autoria de Bruna.

Leiam mais em: 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Volúpia

"Mais ávidos de volúpia do que de salvação eterna,
A alma morta, eu não me preocupo senão com a carne.

Como é duro domar a natureza!
E, à vista de uma bela mulher, continuar puro de espírito.

Os jovens não podem seguir uma lei tão dura
E não ter cura para seu corpo disposto"

Luxúria

Louco e impensado amor

Que nada mais é do que Paixão!

Loucura, uma lascívia, um tesão

Desejo de estar contigo, então

Roçar nossos corpos, com calor!



Roubar de teus lábios doce mel...

Dar-me inteira, sem proibir

Tuas mãos em meu corpo, sentir

O arrepio de meus poros fluir

Rolar contigo, chegando ao céu!



Ter-te, noite e dia na luxúria

Desta necessidade premente.

Ouvir de tua boca, insistente

Palavras doces, que num crescente,

Chegam ao extremo da injúria!



Tu colhes de mim a seiva incauta,

Que derramo em tua boca faminta!

Em minhas entranhas, sem qu’eu sinta

A fome de amor, nunca extinta,

Desfaleço em teus braços, exausta!


Milla Pereira
Publicado no Recanto das Letras em 28/09/2007
Código do texto: T671802

O Prazer e a Dor

O prazer e a dor não conhecem a duração. A sua natureza é dissiparem-se rapidamente e, por conseguinte, só existirem sob a condição de ser intermitente. Um prazer prolongado cessa logo de ser um prazer e uma dor continua logo se atenua. A sua diminuição pode mesmo, por confronto, tornar-se um prazer. O prazer só é, pois, um prazer sob a condição de ser descontínuo. O único prazer um pouco durável é o prazer não realizado, ou desejo.
O prazer somente é avaliável pela sua comparação com a dor. Falar de prazer eterno é um contra-senso, como justamente observou Platão. Ignorando a dor, os deuses não podem, segundo Platão, ter prazer. A descontinuidade do prazer e da dor representa a conseqüência dessa lei fisiológica: “A mudança é a condição da sensação”. Não percebemos os estados contínuos, porém as diferenças entre estados simultâneos ou sucessivos. O tique-taque do relógio mais ruidoso acaba, no fim de algum tempo, por não ser mais ouvido, e o moleiro não será despertado pelo ruído das rodas do seu moinho, mas pelo seu parar.

É em virtude dessa descontinuidade necessária que o prazer prolongado cessa logo de ser um prazer, porém uma coisa neutra, que só se pode tornar novamente vivaz depois de ter sido perdida. A felicidade paradisíaca sonhada pelos crentes deixaria logo de possuir atrativos do paraíso para o inferno.O prazer é sempre relativo e ligado às circunstâncias. A dor de hoje torna-se o prazer de amanhã e inversamente. Dor, para um homem que abundantemente jantou, ser condenado a comer côdeas de pão seco; prazer, para o mesmo indivíduo abandonado durante muitos dias, sem alimentos, numa ilha deserta.
Diz com razão a sabedoria popular que cada qual tem o seu prazer onde o encontra. O prazer do operário que bebe e vocifera na taverna, sensivelmente difere do prazer do artista, do sábio, do inventor, do poeta, ao comporem as suas obras. O prazer de Newton, ao descobrir as leis da gravitação, foi, sem dúvida, mais vivo do que se ele houvesse herdado as numerosas mulheres do rei Salomão. A importância do papel da sensibilidade ao prazer e à dor nitidamente se manifesta, quando procuramos imaginar o que poderia ser a existência de um desses puros espíritos, tais como os sectários de muitas religiões os supõem.
Desprovidos de sentidos e, portanto, de sensações e de sentimentos, eles permaneceriam indiferentes ao prazer e à dor e não conheceriam nenhum dos nossos móveis de ação. Os mais angustiosos sofrimentos de indivíduos outrora queridos por eles não os poderiam comover. Não teriam, pois, nenhuma necessidade de comunicar com eles. Não se concebe sequer a existência de tais seres.

Gustave Le Bon, in "As Opiniões e as Crenças"